quarta-feira, 28 de março de 2012

A stationary thought

No ano de 1990 vim ao mundo, não tinha pretensões, não tinha expectativas, apenas vim, e chorei, por ter largado aquele lugar quente, gostoso que passei 9 meses. Foi esta a primeira mudança drástica na minha vida. Desde então, dia após dia, tem sido uma metamorfose contínua, onde os fatos vão transcorrendo e as coisas vão acontecendo.

Recentemente, fui diagnosticado com TDAH, - então percebi que esta é a primeira vez que falo abertamente a respeito disso -, desde este dia, essa tem sido a mudança mais drástica e marcante. Descobrir uma patologia que vai te acompanhar o resto dos seus dias e que, invariavelmente, vai tentar te fuder sempre que possível não é fácil, mas com perseverança nós vamos lutando contra.

Dias após o diagnóstico, me peguei pensando e fazendo uma reflexão a respeito da minha vida e procurando razões para explicar decisões e decisões, e então percebi que, desde então, tenho colocado toda a culpa no TDAH, como se houvesse uma outra pessoa dentro de mim aquele tempo inteiro, sem perceber porém, por maiores que sejam os efeitos dele, era eu decidindo, criando situações que lesavam apenas a mim.

Porém, mais recentemente ainda, tenho refletido muito acerca de tudo isso, quase como um pente-fino na minha vida, e com toda essa reflexão e internação, percebi o quanto eu, naturalmente, impossibilito as pessoas de se aproximarem de mim, o quanto eu evito que me conheçam e saibam o que eu sinto, apesar de sempre estar rodeado de muita gente. Então, me senti meio mal com isso, pois sempre me achei um cara tão aberto e transparente, e agora, de repente, me vejo como um enigma para mim mesmo. Ouvi da minha terapeuta ser essa uma característica marcante dos portadores do TDAH, porém não pode ser só ele o culpado disso tudo, eu devo ter um pouco de culpa nisso também. Mas, o fato é que eu sou assim, eu sempre fui assim, menos uma vez. E essa única vez tem estado presente nos meus pensamentos, diariamente, quase como um estigma, nos últimos anos.

Essa única vez, que lateja todo dia no meu sub-consciente, tem sido algo que vem e vai no meu consciente, segue ardendo, muito acesa, e toda vez que ela volta, volta com forças maiores, lembranças vivas, queimando a pele. Não sei se saudável, mas sei que intensa, tão intensa que trás a tona fatos passados e os põe de uma forma a parecerem mais recentes que o ontem.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Felicidade

É realmente impressionante a capacidade do ser humano mudar a sua vida da noite pro dia. Hoje foi um dia desses, onde eu acordei com um humor, com uma expectativa, com um pensamento e vou dormir com a cabeça em outro planeta, com os cantos da boca quase encostando nas orelhas.

Como uma notícia muda o nosso sentimento em relação a vida tão drasticamente que passa a não caber em nós, aí é quando a nossa felicidade cativa o outro, é quando nossa felicidade arranca um sorriso da face do outro, e isso só nos enche mais ainda de felicidade. São essas as pessoas que devemos amar pro resto dos dias.

Obrigado a cada uma dessas pessoas que acreditou e que sorriu junto comigo hoje!! Esse dia que não cabe dentro do peito, que dá vontade de gritar pro mundo o quanto as coisas vão mudar, o dia em que as expectativas são diferentes, com os pés no chão, porém gigantes!!!


domingo, 11 de março de 2012

Pegadas

Nossos passos deixam pegadas, seja na areia, seja no cimento. Independente de onde você pisa, ali vai ficar uma marca, na areia, as marcas serão apagadas mais rápido, no cimento, vão ficar para sempre. E assim como nossos passos deixam pegadas, na vida nossas atitudes, deixam marcas. E, da mesma forma do nosso caminhar, as marcas deixadas, vão durar tempo compatível com aquele chão que você pisa.

As marcas perenes serão sempre lembradas, estarão sempre presentes, elas mudarão nosso ser, nosso entendimento das coisas, são o caminhar do aprendizado, os anos irão passar e nós não vamos esquecer, vão estar lá, são as pegadas no cimento.

Já as marcas passageiras surgirão rápidas, serão fundas, bem visíveis, e como mágica virá um vento e as apagará, porque por mais profundas que tenham sido, elas não tem força, não tem sustentação, muito por causa do solo que se pisa, são as pegadas na areia.

Cabe a cada um ser areia ou cimento, a cada um cabe a habilidade de ser eterno ou passageiro, a opção de ser marcado não é nossa, agora, como vamos receber essa marca, aí é outra história.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ciclos.

Quanta gente só passou por aqui. Quanta gente foi embora, mas deveria ter ficado.
Quanta falha cometida, que hoje seria impensável. Quanto caminho já trilhado, mas ao mesmo tempo desperdiçado.
Quanto amor dado, lição pro resto da vida. Quanto carinho dispensado, nenhum arrependimento.
Quanta paciência estourada, novas maneiras de lidar com os fatos. Quanta habilidade em dobrar alguém, quanta falta de habilidade em, verdadeiramente, se apegar.

Pessoas vêm e vão, isso é um fato da vida. Cabe a nós, saber guardar aquelas que, realmente, valem a pena. Com o tempo, se vai enxergando isso, com o tempo. Ninguém nasce sabendo, ninguém nasce expert em se relacionar, isso é o que torna os erros aceitáveis e perdoáveis, não esquecíveis.

Dentro de cada um existe a convicção de que a vida é feita de ciclos, só precisamos de tempo para enxergar, e para um novo ciclo começar, outro ciclo tem que, necessariamente, ter chegado ao final. Todos sabemos disso, todos temos essa certeza, só nos fechamos dentro de nós mesmos, por medo das mudanças. No final das contas, é porque esperamos que cada ciclo dure para sempre.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ultimamente

Ultimamente, as duvidas tem se tornado verdades, quase absolutas, verdades inquestionáveis, resolutas e, incansavelmente, deliberadas internamente, o que dá mais credibilidade para mim mesmo. Em contrapartida, dúvidas alheias continuam vindo e esbofeteando a minha cara e tornando verdades, até então absolutas, em questionamentos inconclusivos.

Ultimamente, descobri que o controle das coisas não está sempre em nossas mãos, nunca está, nem nunca esteve, na verdade fui esbofeteado com tanta força e com tanta constancia que eu desisti de ter essa capacidade.

Ultimamente, eu entendi que a vida, simplesmente se basta, ao mesmo tempo que não tenho o controle, tenho a consciencia de que eu sempre não o tive e, sempre consegui chegar a um ponto satisfatório pra mim.

Ultimamente, eu tenho entendido que eu sou muito bom para mim mesmo, tenho entendido que, por mais que eu seja tão intenso, por mais que eu seja tão disposto a me entregar por algo que eu acredito, eu sou incapaz de me machucar. Então, por me conhecer, por ter tanta reviravolta, por ser tão dessa forma, eu arrisco pular nessa piscina que, sabe-se lá Deus, está vazia ou cheia.