terça-feira, 2 de outubro de 2012

Uma leitura imaginativa

Sentado ali na praça, enquanto folheava seu livro e esperava o término do que esperava, observava o movimento cotidiano. Observava cada um passando por ali, então esquecera até do livro em suas mãos. Imaginava quantas histórias haviam caminhando apressadas, lentas, trôpegas, eretas, curvadas, retilíneas, curvilíneas. 

Cada um que passava se apresentava como um livro aberto para sua cabeça imaginativa. Andavam por ali, com suas páginas abertas, vez ou outra via pular frases de dentro daqueles livros. Frases soltas, aparentemente sem significado, mas que dentro daqueles livros mudariam cursos das estórias, - ou histórias? -, não sabia, e não se importava, apenas imaginava.

Via, daquele banco, a limitação do seu conhecimento. Quanta coisa para ouvir, quanta coisa para conhecer, para ler. Quanta coisa para aprender. Daí para se sentir incapaz foi um pulo, não só incapaz, mas também insignificante. Quanta coisa nessa vida há para aprender, acrescentar e, ali naquele banco, uma minuscula partícula divagava sobre outras partículas.

Foi então que lhe veio o estalo. Por menor que seja o seu conhecimento, havia ainda a imaginação fértil. Quantas histórias criou naqueles trinta minutos sentado naquele banco, histórias de motoristas, pedestres, motoqueiros, motoristas de ônibus, até a história do candidato naquele folheto que recebeu do menino nascido no bairro humilde, que engravidou a namorada e agora ta fazendo bico de todo jeito pra conseguir criar o be... epa... Então riu de sua própria cara! Apesar do conhecimento limitado, na sua cabeça, os pensamentos não tinham limites, as pessoas eram quem queria que fossem. 

De repente o seu telefone tocou, era o fim de sua espera, atendeu, levantou, foi caminhando de volta, quando pensou: - acho que quando chegar em casa vou terminar de ler aquele liv... Puta merda, o livro!!!!!