quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mudanças!?

Recentemente, me peguei forçado a pensar naquelas coisas que a gente evita de pensar, mas que certas situações nos obrigam. Pois é. Numa caminhada solitária hoje, fui sorteado com esses pensamentos extremamente confusos e delicados. Pra variar, foi caminhando, pra minha sorte, que tudo isso veio à minha cabeça e foi quando divaguei e planejei este post inteiro. Bem, quase inteiro, pois, a gente nunca sabe muito bem como vai por em palavras pensamentos, ainda mais tão emaranhados. 

Não importa o quanto você oferece, o quanto você faz, o seu erro sempre vai prevalecer. Essa tem sido uma regra bem recorrente na minha vida. É igual aquele negócio, o cara pode ajudar uma comunidade, colocar comida na boca de mil crianças por semana, tratar todos com carinho e fraternidade, mas um dia, num descompasso, num momento de raiva, ele mata uma pessoa dessa comunidade, aí vai preso. Não importando aquelas mil crianças que comiam graças a ele, tudo que ele fazia por todo mundo ali dentro. O tempo vai passar, ele vai cumprir sua pena, vai sair da cadeia e, pronto, o cara nunca mais vai poder pisar lá dentro e sempre vai ser lembrado como o cara que matou aquela pessoa na comunidade, não importando os esforços que ele fez por aqueles e está disposto a continuar fazendo. Claro, este foi um exemplo bem extremo desta regra, mas reflete bem o que tem sido.  

O que importa é que, voltando a falar de mim, eu mudei, errei, mas aprendi com meus erros, paguei por eles, aceitei as condições estabelecidas e o que ganhei em troca? Desconfiança. Pois é. Pura e simples desconfiança. E olha que aqueles que me crucificam têm teto de vidro hein!? Hoje, falam das escolhas erradas que fiz no passado, que se eu tivesse optado por aquilo que todo mundo iria querer, de me manter superficial, tudo iria transcorrer bem. Pois é. Não sou chegado a superficialidades. 

As minhas decisões implicaram em onde estou, implicaram em onde está também. Não me arrependo nem por um segundo. As promessas feitas, as palavras ditas, a entrega, não me arrependo nem por um segundo, justamente porque não sou chegado a superficialidades, não estive aqui embasado no que eu não acreditava ou o que não queria. Vivi com intensidade, lutando até o final pra que desse certo, justamente porque não sou chegado a superficialidades. Sim, sou doente, tomo remédio, vou a terapia, mas a culpa disso tudo não é da minha doença, é da minha humanidade, pois se errei, não foi porque sou doente, foi porque sou humano, e como humano, você também está sujeita a errar. E errou, apesar de não aceitar. Um erro é um erro, e não tem tamanhos diferentes.

Apesar de tudo isso, eu vivi tudo que tinha pra viver com amor, disposto a realmente fazer acontecer, os planos de quando formasse e eu passasse no concurso, os sorrisos sinceros quando pensávamos na panqueca, no melancia, e as gargalhadas mais sinceras ainda quando falávamos de sr. churros e sra. kinder chocolate. Tudo isso agora fica para trás, junto com os erros que cometemos, erros mínimos se comparados a tudo isso que sonhávamos, quer dizer, eram mínimos pra mim, por que perto dos meus sonhos, os seus erros eram ínfimos, tolo fui eu de imaginar que os meus sonhos eram os seus sonhos também. Mas igual você diz aos sete ventos, vou me esforçar, me desenvolver e ser um homem melhor, na verdade, vou continuar sendo o homem melhor que eu já era pra você. 

Porque eu mudei. E sabe, estive pensando nesta divagação da minha caminhada, eu realmente mudei, e logo em seguida pensei: - de que vale a pena a mudança?, mas aí lembrei que eu mudei para mim, eu mudei para mim, por que eu queria ser melhor pra você, e então lembrei de que vale a pena.Vale cada pedaço que mudou dentro do meu corpo, por que foi puro, de dentro pra fora. Mas sabe, como sempre, me deu um estalo e eu lembrei que eu estava caminhando sozinho, quando era pra você estar ao meu lado, daí percebi que nada mudou, eu continuo colecionando fracassos.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Uma leitura imaginativa

Sentado ali na praça, enquanto folheava seu livro e esperava o término do que esperava, observava o movimento cotidiano. Observava cada um passando por ali, então esquecera até do livro em suas mãos. Imaginava quantas histórias haviam caminhando apressadas, lentas, trôpegas, eretas, curvadas, retilíneas, curvilíneas. 

Cada um que passava se apresentava como um livro aberto para sua cabeça imaginativa. Andavam por ali, com suas páginas abertas, vez ou outra via pular frases de dentro daqueles livros. Frases soltas, aparentemente sem significado, mas que dentro daqueles livros mudariam cursos das estórias, - ou histórias? -, não sabia, e não se importava, apenas imaginava.

Via, daquele banco, a limitação do seu conhecimento. Quanta coisa para ouvir, quanta coisa para conhecer, para ler. Quanta coisa para aprender. Daí para se sentir incapaz foi um pulo, não só incapaz, mas também insignificante. Quanta coisa nessa vida há para aprender, acrescentar e, ali naquele banco, uma minuscula partícula divagava sobre outras partículas.

Foi então que lhe veio o estalo. Por menor que seja o seu conhecimento, havia ainda a imaginação fértil. Quantas histórias criou naqueles trinta minutos sentado naquele banco, histórias de motoristas, pedestres, motoqueiros, motoristas de ônibus, até a história do candidato naquele folheto que recebeu do menino nascido no bairro humilde, que engravidou a namorada e agora ta fazendo bico de todo jeito pra conseguir criar o be... epa... Então riu de sua própria cara! Apesar do conhecimento limitado, na sua cabeça, os pensamentos não tinham limites, as pessoas eram quem queria que fossem. 

De repente o seu telefone tocou, era o fim de sua espera, atendeu, levantou, foi caminhando de volta, quando pensou: - acho que quando chegar em casa vou terminar de ler aquele liv... Puta merda, o livro!!!!!


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Orégano ou cravo? Nós

Escrever, dizem, é a válvula de escape da alma. Ao escrever, a gente cospe sentimentos, quase vomita tudo. Vim pra frente do computador pensando nessa frase, comecei a escrever tantas linhas, tantas vezes. Redigi, apaguei, achei que ia, apaguei de novo. Desisti. Mas minh'alma clama por esse alívio. Tantos pensamentos guardados, pensamentos geradores de sensações, sensações geradoras de ações, ações geradoras de atitudes, atitudes geradoras de reações, reações que geram pensamentos, e esse ciclo assim vai.

Essas últimas semanas têm sido doces e azedas, têm sido difíceis e recompensadoras. Nesse ciclo, vem a vida sendo norteada por essa ambiguidade de sensações geradas por pensamentos gerados por situações geradas por nós. Claro, a ambiguidade tem origem direta em, não apenas, atitudes de nós dois. Sei que tenho muita culpa nisso tudo. Mas não vou entrar em detalhes, nem falar sobre isso. O foco não é o que foi, é o que está sendo.

As conversas, cada vez mais confidentes, tornam a convivência cada vez mais íntima. Marcada por essa ambiguidade sentimental, os nossos pensamentos, muitas vezes divergentes, se confundem, e só percebemos isso assim, com essas conversas. Acima de todos os momentos doces e azedos, a certeza que nós sabemos das pretensões um do outro é uma marca ainda mais expressiva da intensidade que vivemos cada dia. Sei que nunca fui fácil, mas você também não é. Mas, quanto a isso, o que importa? Não faz diferença se você me xinga por que eu reclamo do orégano ou se eu te xingo por que você espreme o cravo na testa com força só de sacanagem. Sim, nós somos difíceis, tá vendo? Mas somos um.

Somos um. E durante nossas confidências, aumentamos a intimidade. Vamos percebendo a dimensão que temos realmente. E não importa se você abre mão do orégano ou se eu abro mão de não sentir a dor dos cravos. Importa apenas você abrir mão do orégano porque eu não gosto, eu abrir mão de não sentir dor porque você gosta de apertar cada poro mais escuro do meu rosto/costas/peito.

É assim que nós realmente somos norteados, por que a gente sabe o que realmente importa agora nessa vida.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

(Re) Existência

Por completo, deixou de existir.
Deixou de existir nas memórias onde outrora esteve tão vívido, deixou de existir nas recordações onde em outra época era tão protagonista. Deixou de existir...

Foi quando surgiu ela, lhe devolveu o animo, lhe dera força, lhe motivava, apoiava. Mais do que isso, suportava a sua insistência em desaparecer.

Com sua paciencia em resistir à sua vontade de sumir, foi vencendo-lhe com seu carinho terno e, apesar de todas as dificuldades, continuava ali ao seu lado, mesmo quando ele insistia em sumir atrás dos travesseiros naquele quarto em penumbra.

Pouco a pouco, ela e sua (falta de) paciência irritante foram amolecendo o peito, ele pensava em a expulsar dali, chutar ela para que pudesse desaparecer por completo, mas não conseguia. Aquela (falta de) paciencia irritante era acalentadora.

Deixando de ser cego aos poucos, aquele carinho despretensioso, que não espera nada em troca foi se tornando recíproco, a vontade de desaparecer não era mais tão recorrente, a luz daqueles fios castanhos lhe impulsionava fora da cama, por ela, a vontade de desaparecer foi se transformando em vontade de gritar para o mundo como ele tinha sorte. Voltou a ter uma razão pelo que se esforçar.

Desde então, ao deitar na cama e pensar em desaparecer atrás daqueles travesseiros, ele lembrava de seu rosto, e seu peito se enchia de calor, e ele dormia rápido, sorrindo, pois no outro dia era uma grande batalha, e, por ela, ele ia vence-la.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pai, sempre pai

Pai,
 
Não lhe escrevi nada no Dia dos Pais, pois não queria restringir o meu amor e agradecimento por você ser quem você é para mim. Todo o orgulho que tenho por ser seu filho não é passível de quantificação, muito menos de limitação a um dia. Sei que o Dia dos Pais é apenas um símbolo, porém, ainda assim, não quero parecer que eu lhe tenho amor apenas esse dia, acho que as atitudes diárias, a felicidade por ter você na minha vida são sensações irrestritas.
Obrigado por ser quem você é, obrigado por ser meu guia, obrigado por me amar indistintamente, obrigado por estar aqui, apesar de eu lhe chatear tantas vezes, obrigado por me ensinar os verdadeiros valores da vida, obrigado por ser tão importante no meu caminho, obrigado por me levar no seu colo quando eu preciso, um dia eu pretendo lhe oferecer em troca tudo isso que tem feito por mim, ainda sabendo que a sua satisfação comigo se dará quando eu vencer, isso apenas mostra o quanto o amor de pai não é orgulhoso nem pretensioso. Obrigado por ser exemplo, por me ensinar como se deve ser um pai maravilhoso, obrigado por me dar tudo que tenho, obrigado por ser tão espetacular, por ser meu herói, meu modelo, meu norte.
Não conheço as sensações da paternidade, mas imagino que seja árduo, e é por isso que cada dia que acordo e abro meus olhos, levanto-me da cama com a certeza de que, por você, eu tenho que suspirar mais forte e batalhar aqui fora a minha vitória. E eu vou vencer, por mim, por você, pela sua fé em mim, pela sua irrestrita entrega. Eu amo você além do término do infinito, e cada dia mais, não só no Dia dos Pais, esse infinito vai se tornando um pontinho menor perto desse amor.
 
Fica com Deus,
 
Um beijo do seu filho orgulhoso.

domingo, 5 de agosto de 2012

Corriqueira felicidade

Permaneceu deitado, o suor lhe escorria pelas costas, riu quando ela levantou e lhe olhou com aquele sorriso bobo e fez um pequeno joia com a mão, enquanto com a outra se arrumava. Observou-a caminhar até o banheiro, não conseguia desviar o olhar, nem disfarçar o sorriso, também não queria disfarçar nada. Esperou, viu-a voltar, sentar ao seu lado, lhe dar um abraço, um beijo, e com todo esforço do mundo tentou levanta-lo, em vão, não ia conseguir, mas ele adorava o jeito que ela tentava. Resolveu compadecer-se dela, levantou, foram para a cozinha, abriram a tampa das panelas, viram o resto do almoço virar um jantar em plena Champs Élysées, ela pegou um prato - raramente precisavam de dois -, serviu e, dali, partiram para a sala, onde deitaram-se embolando as pernas, quase se misturando. Apreciaram aquela iguaria com a boca mais gostosa do mundo, se olharam, riram, sabiam que ambos estavam ali, ninguém precisava falar nada. Recolheu o prato e o copo, deixou sob a pia, voltou prali, no seu refúgio, repousou a cabeça sobre seu peito, e com a mão, lhe acariciava a barriga, o peito, o braço, a cabeça, a mão, a perna, e o deixava sem ar, feliz, mas sem ar, e era aquilo ali que ele queria, exatamente aquilo, tanto é que ela parou por sentir seus braços doerem e ele disse: -Aaahh... mas porque parou?, e ela riu da cara dele, do tanto que ele era manso, mas achou lindo, porque ele adorava o carinho dela, e -disso ela não sabia-, mas o que ele mais adorava era ela fazer aquilo só porque ele gostava. Ali se sentia na sua casa, no seu canto. Novamente se levantaram, foram para o quarto, era hora de dormir, debaixo das cobertas, juntos, colados. Deitaram, de novo ela com a cabeça em seu peito, foi quando ela afastou-se um pouco e disse: -Deixa eu te olhar.., e ele deixou, então os olhos dela pararam direto sobre o seu, quase como um médico-legista, aquele olhar lhe dissecava, e ele sabia disso, mas não se importava, ele gostava de ser dissecado, gostava quando ela brincava de adivinhar os seus pensamentos e também não se importava com nada em volta, pois aquela cama era o seu mundo, aquele momento era a eternidade. 

terça-feira, 5 de junho de 2012

reticências

(...) Enquanto ela percorria aquele caminho esplendoroso com seu vestido, cujo colorido misturava-se à tudo aquilo, suavemente balangando no mesmo ritmo que seus cabelos, ora dourados, ora acastanhados por causa do sol, ele de longe a observava, via aquela menina, mulher, admirava-a com uma força que nem ele entendia bem. Via, ali, sentado debaixo da macieira, escondido por aquele chapeu mal colocado na cabeça, a mulher que tanto o intrigava, a menina que tanto o seduzia. Está ali sentado, observando-a de soslaio, ele espera a hora que ela vai chama-lo para dançar com ele sob o sol quente daquela primavera colorida, ele espera a hora que ela vai vir de encontro e, de pirraça, jogar aquela maçã nele e sair correndo esperando a hora que ele a alcançar e os dois rolarem naquele gramado verde, orvalhado pela noite que passou. Ele espera, por que ele sabe o quanto aquelas pedras já machucaram aqueles pés vividos, agora ele sabe como elas massageiam. Ele espera, por que ele a ama e, dali de perto, ele se apaixona cada vez mais por aquela capacidade que ela tem de se amar...

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Shine on you crazy diamond.

Sou apenas um jovem com 22 anos, muito pensativo e aprendendo a ser homem, foram 22 anos vividos com muita intensidade, sem metades, e, ao refazer mentalmente esse percurso, vou lembrando de prazeres abandonados com o tempo, inexplicavelmente. Vou lembrando de mim mesmo, abandonado por colapsos de amor-próprio. Falhas imperdoáveis, se pensar na vontade de se ter a reciprocidade. 

Num processo sistemático, me puni, mais do que qualquer outra pessoa, me decepcionei comigo mesmo, me entreguei a buracos de onde sair sozinho seria difiicil, fui incapaz de perceber o quanto me destruia, me envolvia num flagelo mental, onde quem estava no pau-de-arara era eu e o carrasco a minha consciencia exigente.

Diversas vezes, abri mão de mim mesmo em prol de algo que eu acreditava, algumas vezes, equivocado. Sempre fui assim, idealista, fiel aos meus pensamentos, capaz de mudar o mundo por aquilo que eu achava ser o certo. E, hoje, sem pensar meia vez, não me arrependo nem um segundo dos equívocos, tudo que vivi, acreditei, foi de corpo e alma, por mais que não fosse o melhor pra mim, foi onde eu mais aprendi.

Aprendi.

E com esse aprendizado, por mais irrelevante que seja, dia após dia, venço lutas, travo batalhas comigo mesmo, tentando me libertar dessa tortura há muito tempo imposta pela minha cabeça cruel. Sem, nem por um segundo, deixar de acreditar nas minhas verdades, freio essa dor que me causo. Por mim. Pela reciprocidade.

Junto com David Gilmour, canto para mim mesmo, para eu me lembrar de como eu era quando criança, de como brilhava como o sol.Vou recuperando o brilho do diamante louco de tempos atrás. 

E vou brilhar. Com toda força, eu vou brilhar. 

Meus sonhos são gigantes, minhas pretensões são espetaculares. O tamanho dos seus sonhos diz quem você realmente é. E eu sou muito grande.

Chega de flagelo, de me torturar, de abrir mão de mim mesmo. Vou acreditar no que eu acho certo, mas não vou abrir mão de mim. O amor constrói pontes, cria enormes estradas. E agora, sem me machucar, vou construir o meu caminho. E, ao chegar ao final dele, numa apoteose, vou olhar para trás e não me arrepender. 

Já me causei dor demais, agora vou batalhar diariamente a minha vitória, porque essa é apenas uma questão de tempo. É só eu querer que eu consigo, e eu estou descobrindo o quanto eu quero isso.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eu e eu mesmo.


As vezes, a gente nao pensa muito nas coisas, apenas tem vontade de sair fazendo. Isso pra mim tem nome. É desse jeito que funcionam e é desse jeito que vão andando por si mesmas.

Eu sempre fui assim, na base do impulso, sem lapso temporal, sem pausa pra respirar. E foi assim mesmo qeu eu comecei a escrever agora. As pessoas perdem muito por tentar racionalizar as coisas, eu não. Nunca perco nada por essa razão, eu me jogo, caio de cabeça, pensar a respeito fica pra depois. Agora é agora.

Acho que tenho isso no meu sangue, outro dia conversei com minha terapeuta, ela me disse que os portadores de TDAH são assim mesmo, intensos. Achei aquilo vago demais, acredito até que sejamos mesmo intensos, mas creio que a paixão pela emoção seja mais algo inerente ao meu sangue.

Apaixonado, sou capaz de ultrapassar limites, vencer obstaculos intransponíveis pela falta de paixão. E ao me referir a amor, falo de todo tipo, àquilo que se faz, àquilo que se pensa, àquela pessoa. Imagino que o amor por si só seja capaz de vencer limites, mas eu não estou falando do amor, estou falando de mim. E eu, amando, apaixonado, venço qualquer barreira, nada se põe a minha frente.

E eu estou amando. Desmedidamente. Infinitamente.

Então, entre eu e o meu amor, nada obstaculiza.

É algo novo, nunca sentido por mim antes. Então não sei bem onde vai chegar, mas sei que vai chegar a algum lugar bom.

Eternamente grato àquelas pessoas que me ajudaram a amar dessa forma, amo a mim mesmo, amo o meu futuro, amo o meu presente, amo a vida.

Sei que ninguém está muito interessado em saber disso, mas uso isso como uma ferramente aliviadora. E eu precisava me aliviar.

Aliviado, mais do que nunca aliviado.

Amor, mais do que nunca a mim mesmo.

Paz, finalmente.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Hoje, amanhã é só amanhã

A verdadeira felicidade se encontra... Se encontra... Se encontra? Peraí, quem disse que a felicidade é algo para ser encontrado? Quem disse que ser feliz é objetivo? Quem disse que é razão de viver? A felicidade é meio, não fim; é forma, não razão. Ninguém vive à procura de ficar feliz, vive-se à procura de algo sendo feliz, estando feliz. É sentimento. E sentimento não se explica. 

Muita gente passa a vida toda procurando por algo impossível de encontrar, e por isso esquece de olhar pra baixo, pra onde o horizonte lá no fundo impossibilita de enxergar. O importante é minúsculo. Claro que observar sem viseiras é fundamental, ampliar o raio de visão é o que norteia os nossos trilhos, porém como caminhar os trilhos sem enxergar a curto alcance? É impossível! E é esse meio a que me refiro como felicidade. O caminho a trilhar para um objetivo ao fundo.

As vezes, cegamente guiadas por um objetivo, dito grandioso, alguns tropeçam muito durante o caminho. Cometem o equívoco de apenas enxergar onde querem chegar, em detrimento de onde estão. Dalai Lama, indispensando comentários, disse uma vez a esse respeito: 

"(...)E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro...(...)"

 Em sua asserção, Dalai Lama ainda vai mais longe, ele nos diz que por pensar tanto no futuro, esquecemos de viver o presente, e ainda corrompemos o que nós tanto objetivamos, esse horizonte que está por vir.

A vida é feita de sonhos, de desejos, objetivos, alvos, de pensar no futuro. Porém, mais do que isso, a vida é feita de meios, de caminhos, de trilhas, de presente, que não devem ser esquecidos nunca, porque é vivendo o hoje que atingimos aquilo que, de fato, é a nossa razão.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Eu e eu mesmo, o amor ao som

Recentemente, escrevi um texto sobre o meu amor a introspecção, e durante esse texto, toquei num outro assunto que me entorpece tanto quanto, ou até mais, que isso, a música.

Numa pincelada breve sobre essa paixão, eu não consigo fazer quase nada sem ouvir música, e é a, mais ou menos, isso que tem se resumido a música na minha vida.

Claro que eu não deixo de fazer nada por não estar ouvindo música, mas quando eu não estou, geralmente, eu faço mais emburrado. Não sou também um cara chato quando não estou ouvindo nada, apenas tenho a opção na minha vida de estar com ela e faço isso constantemente. Quase como uma namorada, a gente tá lá com ela porque a gente quer estar, mas não significa que não vivemos sem.

A presença dela na minha vida merece destaque porque tem sido a minha melhor amiga numa fase tão complicada para mim, onde inúmeros problemas tem aparecido, e muitas batalhas tem sido travadas. A música fica ali, me falando as coisas, e eu a ouço sem ter que falar nada, sem ter que me explicar, sem ter que fingir, eu a ouço, ela me fala, me entende, eu posso fingir que tá tudo bem que ela sabe que não tá e, mesmo assim, não questiona.

Tenho escutado de tudo, cada dia é um som diferente que me entende e me segura, por isso a música é tão companheira para mim, porque ela se transforma em tudo que eu preciso quando eu preciso, e eu nem preciso falar. É inexplicável essa química que rola entre a gente. Ela que me dá cafuné quando eu to carente, que me segura quando eu to com vontade de fazer merda, que me controla quando eu to possesso, que me põe pra cima quando eu tô triste. Agradeço muito ao cara que criou a música, eletrônica, rock, samba, mpb, qualquer coisa que esteja me dando toda essa força que eu tenho tido ultimamente. Porque não é fácil lutar contra tudo isso que tenho lutado sozinho.

As vezes, tenho vontade apenas de me largar num canto e chorar copiosamente, entregue a uma tristeza inexplicável, mas graças a música, principalmente, eu tenho forças pra me levantar e continuar a luta contra esse leão diário que eu tenho que matar, o papel dela na minha vida tem tido um tamanho tão significativo que não adianta eu tentar por em palavras.

Sei que pode parecer bobagem, mas não é.

Esse amor, intangível pra tanta gente, não vai ser explicado em palavras, porque nunca conseguimos explicar isso, a gente sabe que tá ali, mas não conseguimos explicar.

Agradeço a tanta gente e a tanta coisa por me ajudarem tanto nesse momento dificil que tenho vivido, que não poderia deixar de agradecer a música, por ser tão companheira.

E não poderia deixar de agradecer a uma música em especial, por ter sido, acima das outras, a mais companheira de todas.


Enxergando (ou tentando) a beleza no futuro

Meio amargurado, começo a escrever esse texto, pensando insistentemente nos caminhos curvilíneos que tenho seguido dia após dia. As curvas que se sobrepõem às retas simples, elas norteiam a trilha percorrida, mas não tiram o controle - ou não deveriam - de quem as segue. São caminhos percorridos com mais dificuldade, caminhos mais árduos, porém mais satisfatórios. São as estradas que seguimos por entre eucaliptos, apenas nós, nossos pensamentos e o chão que firma o nosso movimento.

O fim deverá ser recompensante, a cachoeira ao fim da estrada, onde possamos sentar e deixar que a água bata em nossas costas e, infinitamente, nos permitimos entregar a nossos devaneios, sem dever satisfação àqueles que tanto as cobra. Uma mente entregue a si mesmo é uma mente verdadeiramente livre. As amarras que impedem as nossas fantasias, são as mesmas que seguram os vôos sem sair do lugar, o impedimento dessas raízes torpes fazem a criatividade intrínseca à cada um, se apagar, e não despejar todo esse amor guardado. A nossa batalha vem, simultaneamente, ao tolhimento do nosso amor.

O caminho retilíneo, simples, fácil, não nos dá margem de melhorar nada, nos dá apenas a convicção de que seguindo ali nós vamos chegar lá, sem dificuldade que não esteja em nós mesmos. Seguindo um caminho cheio de curvas, passamos por dificuldades externas, onde o teste é constante, e temos, acima de tudo, um desafio para com nós mesmos. Onde enxergamos nossos limites, e aprendemos sempre mais e mais sobre os nossos eus interiores.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Eu e eu mesmo, a saga.

Quando eu estou sozinho é quando eu sou livre pra fazer o que eu bem entender. É quando eu posso ser eu mesmo comigo mesmo e isso é a minha válvula de escape. Quando eu me liberto de correntes e me permito voar, quando eu vivo plenamente a minha capacidade de pensar - capacidade invejável, por sinal -. Tenho a habilidade de pensar muita coisa simultaneamente, de me entregar ao que me apaixone, e esses pensamentos são meus, são meus verdadeiros amores, me apaixono por eles a cada vez que me isolo do mundo, cada vez mais.


As minhas caminhadas são os maiores exemplos dessa paixão pelo pensamento, durante o trajeto que percorro de um lugar a outro é quando eu mais me entrego a esses devaneios. Vou de onde eu saí ao meu destino em dois minutos, meu cérebro permite que eu viva isso, independente de horário, independente de tempo, de mundo. Independente de tudo, é quando eu sou realmente eu. E o mais importante, é quando eu sou realmente eu comigo mesmo. Quando eu vejo o quanto sou completado por aquilo que me rodeia.


A minha introspecção me dá essa habilidade de me renovar cada vez que eu caminho, porque é isso que eu faço comigo mesmo, eu me renovo, sou um novo cara a cada vez que eu me entrego a mim mesmo. Sou novo a cada vez que eu tiro os limites da minha cabeça, a cada vez que eu pulo com vontade nesse mundo particular que é só meu, que eu me dou por direito. Não posso exemplificar para que seja melhor entendido, também não faço questão. É meu. Só meu. É o que me possibilita viver imensamente mais feliz, é por causa dessa renovação que eu sou capaz de rir sozinho à tarde, ficar feliz sem saber explicar por que.


Sou apaixonado por essa habilidade, apaixonado mesmo. Nunca tinha tido capacidade de transcrever isso em palavras, nunca havia pensado nisso com tanto amor, mas hoje me superou, escrevi esse texto como se já tivesse montado na minha cabeça há mil anos. Escrevo e leio, parágrafo por parágrafo, e rio sozinho, rio de mim mesmo. Mas não me importa se rio de felicidade ou se rio por me achar doido, eu tenho a capacidade de rir de mim mesmo!! Vou caminhando pelos parágrafos, pelas linhas, pelas palavras, pelas letras, vou montando uma após a outra ligando pontos mentais que foram criados tempos antes. Ligando com amor, ligando os pontos com intensidade tal que eu jamais conseguiria fazer com que entendessem.


É a primeira vez que eu escrevo um texto e desejo que o mundo o leia, primeira vez que quero quero gritar pra todo mundo o quanto eu amo pensar, o quanto amo imergir na minha cabeça doida e infinita, me entregar a tudo que estiver ao alcance de ser montado por ela. Primeira vez que eu escrevo um texto, realmente, com amor, que escrevo sem querer parar de escrever, sem querer terminar logo para que eu possa lê-lo e ver o que saiu. Quero apenas continuar escrevendo sobre a minha minha introspecção e o quanto eu gosto disso.


Mas, não posso escrever para sempre, não posso simplesmente digitar até o mundo acabar, se pudesse eu o faria, pararia algumas vezes para pensar - e me renovar -, mas não posso. A verdade é que eu estou descobrindo paixões que eu tenho, paixões que me movem, e isso tem me dado uma motivação sobrenatural para que eu possa seguir adiante diante de tanta coisa que tem acontecido. Paixões que eu faço questão de dividi-las e, aqui estou eu dividindo uma delas. O começo. A ponta do iceberg. A paixão que nutre as raízes das outras. A minha paixão por pensar. Enquanto digitava esse texto, escutava músicas de 10, 12 minutos, muitas, passaram em segundos enquanto digitava. Essa é outra paixão, acalentadora da alma, mas essa é motivação para outro texto. Começo pela raíz e vou destrinchando o amor a mim mesmo, materializado em complementos da minha essência. A primeira e maior delas é essa, a capacidade de pensar tanto e com tanta força.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Crônica de um assassino louco

Bom, no dicionário diz-se que doido é aquele que perdeu a razão, louco. Será que eu estou ficando doido então? Eu acho que tô demais!! Outro dia eu tava andando, indo pra faculdade, tranquilamente, escutando Lynyrd Skynyrd, quando, de repente, surgiu um carro no meio do caminho, no meio do caminho surgiu um carro. Eu trombei no retrovisor do carro com tanta força que eu achei que ele tinha ficado dependurado no meu quadril, não tive outra alternativa a não ser xingar até a 5ª geração do motorista do carro, aí vem a surpresa, e a razão de eu estar perdendo-a, o carro tava estacionado. Não tinha ninguém lá dentro, e eu, sozinho, xingando um carro estacionado. Pensei comigo, esse carro deve tá me achando um doido, aí, eis que, novamente surge a minha habilidade em criar histórias.

*som de início de uma história*

Todos os dias, regulares como todos os outros, acordo de manhã logo cedo, como de costume, e, carinhosamente, sou despertado por aquele que sempre me leva até aquele endereço próximo ao prédio grande onde, gentilmente, me coloca naquele lugar e ali me sinto muito feliz, e nunca apenas usado. Sou tratado com todo amor que pode ser dispensado a alguém, vivo limpo, com sapatos novos brilhantes, e tenho inúmeros amigos. Todos os dias encontro-os, alguns dias uns chegam mais tarde, outros mais cedo, mas nunca deixamos uns aos outros de lado, sempre guardamos lugares uns para os outros. A nosso lado passam sempre uns meninos mais novos com pessoas nas costas, não entendemos muito bem, mas eles sempre são muito simpáticos e, nós também somos com eles. Vivo essa vida feliz e pacata, satisfeito, nunca fui muito pretensioso, me dou por saciado com o que eu atingi. Até aquele fatídico dia.

Era um dia como todos os outros, estávamos nos divertindo, como sempre. Ríamos, fofocavamos sobre as moças da rua de trás, um amigo nosso fora trocado por um menino mais novo e mais forte, ficamos com medo, mas percebemos que ele era uma pessoa gente boa também, sentiremos saudades dele, mas o novinho também era legal, esse é o ciclo da vida, ele já estava velhinho, foi melhor pra ele ficar mais tranquilo!! O dia foi passando tranquilamente, a hora de ir embora estava chegando, alguns amigos já tinham ido - eu sempre era um dos últimos -, até que vi aquele rapaz andando distraído, com fones de ouvido, parecia estar curtindo a música, cantava em voz alta, percebi que era Lynyrd Skynyrd na hora, pois escutava quase todos os dias também.

Reparei que vinha andando na minha direção, não dei muita bola, ele parecia gente boa, quando, de repente, tomei um grande tapa na orelha, parecia até que havia sido um tiro, ou pelo menos uma facada, tamanha a força, me virei para olhar, aí que assustei ainda mais, reparei que era aquele menino gente boa, que curtia Lynyrd Skynyrd; não entendi muito bem o que aconteceu, mas sei que ele começou a me xingar duramente, e então, ele começou a rir, sozinho. Fiquei com medo, com muito medo. Rezei para que meu amigo chegasse logo pra me levar embora, meus amigos todos se assustaram com o barulho, mas ninguém ousou falar nada, então ele foi andando, seguindo o seu caminho, falando sozinho, praguejando e rindo, meio ensandecido, jurava ter visto espumas no canto da boca dele. Até hoje tenho muito medo, meus amigos me dão muita força, mas é dificil. Vai chegando 6 horas, 6 e meia, eu começo a tremer, com medo de que ele possa voltar e cismar com minha cara. Nunca mais o vi, mas nunca se sabe. Desde aquele dia eu rezo a Deus todos os dias e durmo com o olho aberto e outro fechado.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

E o que eu faço com você?

Já estou perdido, envolto num turbilhão de pensamentos. A vida vai caminhando, vai indo, e eis que, quando penso estar tomando um rumo, chega você e tira todos eles, me coloca como a um cachorro que persegue a própria cauda. O que eu faço? Vou seguindo, dia após dia, acordo nervoso, retraído, feliz, rindo a toa e, como mágica, você consegue mudar isso, faz do dia dificil, alegre, do alegre, dificil. Põe interrogações onde, antes, eram exclamações, e exclamações, onde eram interrogações. Atordoa-me com palavras inesperadas, me entorpece com sorrisos únicos. O que eu faço com você? É uma pergunta cuja resposta foge do meu alcance, eu não sei o que eu faço, se te mato, se te abraço.


E agora, Maria? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum. O que eu faço com você? A idéia de viver o agora soa como Enya cantando 'Now we are free' na minha cabeça, saber que a banalidade do carinho despretensioso faz bem assim já é o bastante. Eu sempre fiquei puto de perder o controle, mas aprendi que não é preciso saber, exatamente, aonde vai para poder rir sozinho. A imaginação voa quando penso no futuro, mas aqui aprendi a fazê-la voar no presente.


A intransigência, a inconstância, a pirraça, e, então, ganhar um beijo demorado ao encontrar. Virar a cara e, de repente, se entreolhar e só sorrir, perdidos. E, é assim desde o princípio, quando quase fui enforcado por causa de alguém que derramou cerveja no sapato bonito e, em outro minuto, fui largado pela música ruim e, então, dividimos um chicletes. Começando assim, não havia perspectiva de ser simples, não havia nem perspectiva. E cá estamos nós. O que eu faço com você? Corro pra longe? Corro pra perto? Por mais que seja tão confuso, nunca foi mais ou menos. Sempre foi uma epopéia.


Viver, ser, pular de ponta na piscina meio vazia - ou meio cheia? -, ainda que eu não saiba o que fazer com você. Fico aqui com meus pensamentos, e deixo pra você dar o nome, enquanto você se protege 48 horas.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Quem sou eu?

Sou o que sinto ou o que me ensinaram a sentir?
Sou meus desejos ou a culpa que me foi inculcada?
Sou meus sonhos ou os pesadelos que me foram impostos?
Sou minha busca ou a caixa em que fui colocado?
Sou minha capacidade de amar ou o amargor da insatisfação?
Sou paixão ou repressão?
Sou criatividade ou fúria?
Sou a vida que ferve ou a letargia que corrói ?
Sou o meu caminho ou sigo a rota que me foi indicada?
Sou o que quis ou o que fizeram de mim?
Sou o que sou ou a imagem que fazem de mim?
Sou quem eu quero ou o que querem para mim?
Não sou.
Não posso ser.
Não quero ser.
Quero construir minhas escolhas,
Quero sentir meus desejos,
Quero experimentar meu amor,
Quero percorrer meus caminhos,
Quero a vida,
Quero a paixão.
É isso.
Isso que sou.
Sou minhas escolhas.
Sou minha vida.
Eu sou!
E isso basta.

Retirado do blog tdah-reconstruindoavida.blogspot.com, genialmente, escrito por Alexandre Schubert, portador de TDAH e grande escritor nas horas vagas.

quarta-feira, 28 de março de 2012

A stationary thought

No ano de 1990 vim ao mundo, não tinha pretensões, não tinha expectativas, apenas vim, e chorei, por ter largado aquele lugar quente, gostoso que passei 9 meses. Foi esta a primeira mudança drástica na minha vida. Desde então, dia após dia, tem sido uma metamorfose contínua, onde os fatos vão transcorrendo e as coisas vão acontecendo.

Recentemente, fui diagnosticado com TDAH, - então percebi que esta é a primeira vez que falo abertamente a respeito disso -, desde este dia, essa tem sido a mudança mais drástica e marcante. Descobrir uma patologia que vai te acompanhar o resto dos seus dias e que, invariavelmente, vai tentar te fuder sempre que possível não é fácil, mas com perseverança nós vamos lutando contra.

Dias após o diagnóstico, me peguei pensando e fazendo uma reflexão a respeito da minha vida e procurando razões para explicar decisões e decisões, e então percebi que, desde então, tenho colocado toda a culpa no TDAH, como se houvesse uma outra pessoa dentro de mim aquele tempo inteiro, sem perceber porém, por maiores que sejam os efeitos dele, era eu decidindo, criando situações que lesavam apenas a mim.

Porém, mais recentemente ainda, tenho refletido muito acerca de tudo isso, quase como um pente-fino na minha vida, e com toda essa reflexão e internação, percebi o quanto eu, naturalmente, impossibilito as pessoas de se aproximarem de mim, o quanto eu evito que me conheçam e saibam o que eu sinto, apesar de sempre estar rodeado de muita gente. Então, me senti meio mal com isso, pois sempre me achei um cara tão aberto e transparente, e agora, de repente, me vejo como um enigma para mim mesmo. Ouvi da minha terapeuta ser essa uma característica marcante dos portadores do TDAH, porém não pode ser só ele o culpado disso tudo, eu devo ter um pouco de culpa nisso também. Mas, o fato é que eu sou assim, eu sempre fui assim, menos uma vez. E essa única vez tem estado presente nos meus pensamentos, diariamente, quase como um estigma, nos últimos anos.

Essa única vez, que lateja todo dia no meu sub-consciente, tem sido algo que vem e vai no meu consciente, segue ardendo, muito acesa, e toda vez que ela volta, volta com forças maiores, lembranças vivas, queimando a pele. Não sei se saudável, mas sei que intensa, tão intensa que trás a tona fatos passados e os põe de uma forma a parecerem mais recentes que o ontem.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Felicidade

É realmente impressionante a capacidade do ser humano mudar a sua vida da noite pro dia. Hoje foi um dia desses, onde eu acordei com um humor, com uma expectativa, com um pensamento e vou dormir com a cabeça em outro planeta, com os cantos da boca quase encostando nas orelhas.

Como uma notícia muda o nosso sentimento em relação a vida tão drasticamente que passa a não caber em nós, aí é quando a nossa felicidade cativa o outro, é quando nossa felicidade arranca um sorriso da face do outro, e isso só nos enche mais ainda de felicidade. São essas as pessoas que devemos amar pro resto dos dias.

Obrigado a cada uma dessas pessoas que acreditou e que sorriu junto comigo hoje!! Esse dia que não cabe dentro do peito, que dá vontade de gritar pro mundo o quanto as coisas vão mudar, o dia em que as expectativas são diferentes, com os pés no chão, porém gigantes!!!


domingo, 11 de março de 2012

Pegadas

Nossos passos deixam pegadas, seja na areia, seja no cimento. Independente de onde você pisa, ali vai ficar uma marca, na areia, as marcas serão apagadas mais rápido, no cimento, vão ficar para sempre. E assim como nossos passos deixam pegadas, na vida nossas atitudes, deixam marcas. E, da mesma forma do nosso caminhar, as marcas deixadas, vão durar tempo compatível com aquele chão que você pisa.

As marcas perenes serão sempre lembradas, estarão sempre presentes, elas mudarão nosso ser, nosso entendimento das coisas, são o caminhar do aprendizado, os anos irão passar e nós não vamos esquecer, vão estar lá, são as pegadas no cimento.

Já as marcas passageiras surgirão rápidas, serão fundas, bem visíveis, e como mágica virá um vento e as apagará, porque por mais profundas que tenham sido, elas não tem força, não tem sustentação, muito por causa do solo que se pisa, são as pegadas na areia.

Cabe a cada um ser areia ou cimento, a cada um cabe a habilidade de ser eterno ou passageiro, a opção de ser marcado não é nossa, agora, como vamos receber essa marca, aí é outra história.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ciclos.

Quanta gente só passou por aqui. Quanta gente foi embora, mas deveria ter ficado.
Quanta falha cometida, que hoje seria impensável. Quanto caminho já trilhado, mas ao mesmo tempo desperdiçado.
Quanto amor dado, lição pro resto da vida. Quanto carinho dispensado, nenhum arrependimento.
Quanta paciência estourada, novas maneiras de lidar com os fatos. Quanta habilidade em dobrar alguém, quanta falta de habilidade em, verdadeiramente, se apegar.

Pessoas vêm e vão, isso é um fato da vida. Cabe a nós, saber guardar aquelas que, realmente, valem a pena. Com o tempo, se vai enxergando isso, com o tempo. Ninguém nasce sabendo, ninguém nasce expert em se relacionar, isso é o que torna os erros aceitáveis e perdoáveis, não esquecíveis.

Dentro de cada um existe a convicção de que a vida é feita de ciclos, só precisamos de tempo para enxergar, e para um novo ciclo começar, outro ciclo tem que, necessariamente, ter chegado ao final. Todos sabemos disso, todos temos essa certeza, só nos fechamos dentro de nós mesmos, por medo das mudanças. No final das contas, é porque esperamos que cada ciclo dure para sempre.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ultimamente

Ultimamente, as duvidas tem se tornado verdades, quase absolutas, verdades inquestionáveis, resolutas e, incansavelmente, deliberadas internamente, o que dá mais credibilidade para mim mesmo. Em contrapartida, dúvidas alheias continuam vindo e esbofeteando a minha cara e tornando verdades, até então absolutas, em questionamentos inconclusivos.

Ultimamente, descobri que o controle das coisas não está sempre em nossas mãos, nunca está, nem nunca esteve, na verdade fui esbofeteado com tanta força e com tanta constancia que eu desisti de ter essa capacidade.

Ultimamente, eu entendi que a vida, simplesmente se basta, ao mesmo tempo que não tenho o controle, tenho a consciencia de que eu sempre não o tive e, sempre consegui chegar a um ponto satisfatório pra mim.

Ultimamente, eu tenho entendido que eu sou muito bom para mim mesmo, tenho entendido que, por mais que eu seja tão intenso, por mais que eu seja tão disposto a me entregar por algo que eu acredito, eu sou incapaz de me machucar. Então, por me conhecer, por ter tanta reviravolta, por ser tão dessa forma, eu arrisco pular nessa piscina que, sabe-se lá Deus, está vazia ou cheia.