terça-feira, 5 de junho de 2012

reticências

(...) Enquanto ela percorria aquele caminho esplendoroso com seu vestido, cujo colorido misturava-se à tudo aquilo, suavemente balangando no mesmo ritmo que seus cabelos, ora dourados, ora acastanhados por causa do sol, ele de longe a observava, via aquela menina, mulher, admirava-a com uma força que nem ele entendia bem. Via, ali, sentado debaixo da macieira, escondido por aquele chapeu mal colocado na cabeça, a mulher que tanto o intrigava, a menina que tanto o seduzia. Está ali sentado, observando-a de soslaio, ele espera a hora que ela vai chama-lo para dançar com ele sob o sol quente daquela primavera colorida, ele espera a hora que ela vai vir de encontro e, de pirraça, jogar aquela maçã nele e sair correndo esperando a hora que ele a alcançar e os dois rolarem naquele gramado verde, orvalhado pela noite que passou. Ele espera, por que ele sabe o quanto aquelas pedras já machucaram aqueles pés vividos, agora ele sabe como elas massageiam. Ele espera, por que ele a ama e, dali de perto, ele se apaixona cada vez mais por aquela capacidade que ela tem de se amar...