quinta-feira, 5 de abril de 2012

E o que eu faço com você?

Já estou perdido, envolto num turbilhão de pensamentos. A vida vai caminhando, vai indo, e eis que, quando penso estar tomando um rumo, chega você e tira todos eles, me coloca como a um cachorro que persegue a própria cauda. O que eu faço? Vou seguindo, dia após dia, acordo nervoso, retraído, feliz, rindo a toa e, como mágica, você consegue mudar isso, faz do dia dificil, alegre, do alegre, dificil. Põe interrogações onde, antes, eram exclamações, e exclamações, onde eram interrogações. Atordoa-me com palavras inesperadas, me entorpece com sorrisos únicos. O que eu faço com você? É uma pergunta cuja resposta foge do meu alcance, eu não sei o que eu faço, se te mato, se te abraço.


E agora, Maria? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum. O que eu faço com você? A idéia de viver o agora soa como Enya cantando 'Now we are free' na minha cabeça, saber que a banalidade do carinho despretensioso faz bem assim já é o bastante. Eu sempre fiquei puto de perder o controle, mas aprendi que não é preciso saber, exatamente, aonde vai para poder rir sozinho. A imaginação voa quando penso no futuro, mas aqui aprendi a fazê-la voar no presente.


A intransigência, a inconstância, a pirraça, e, então, ganhar um beijo demorado ao encontrar. Virar a cara e, de repente, se entreolhar e só sorrir, perdidos. E, é assim desde o princípio, quando quase fui enforcado por causa de alguém que derramou cerveja no sapato bonito e, em outro minuto, fui largado pela música ruim e, então, dividimos um chicletes. Começando assim, não havia perspectiva de ser simples, não havia nem perspectiva. E cá estamos nós. O que eu faço com você? Corro pra longe? Corro pra perto? Por mais que seja tão confuso, nunca foi mais ou menos. Sempre foi uma epopéia.


Viver, ser, pular de ponta na piscina meio vazia - ou meio cheia? -, ainda que eu não saiba o que fazer com você. Fico aqui com meus pensamentos, e deixo pra você dar o nome, enquanto você se protege 48 horas.

Um comentário:

  1. E agora José? O que é que eu faço com você? Se quando tiro medidas e quero ir embora correndo pra fugir do que não sei o que é e porque é, você me desarma. Contraria todo o bom senso e faz contrariar o meu medo, e me prende a atenção. Me mata de raiva mas me ganha pedindo desculpas. Me sorri só de olhar lá no fundo. E agora José? Se tudo parece desrespeitar os limites seguros, o tempo corre sem ver e sem perguntar, as dimensões parecem ter vida própria e se apresentam quando bem entendem. E agora José? O que é que eu faço com você?

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