domingo, 5 de agosto de 2012

Corriqueira felicidade

Permaneceu deitado, o suor lhe escorria pelas costas, riu quando ela levantou e lhe olhou com aquele sorriso bobo e fez um pequeno joia com a mão, enquanto com a outra se arrumava. Observou-a caminhar até o banheiro, não conseguia desviar o olhar, nem disfarçar o sorriso, também não queria disfarçar nada. Esperou, viu-a voltar, sentar ao seu lado, lhe dar um abraço, um beijo, e com todo esforço do mundo tentou levanta-lo, em vão, não ia conseguir, mas ele adorava o jeito que ela tentava. Resolveu compadecer-se dela, levantou, foram para a cozinha, abriram a tampa das panelas, viram o resto do almoço virar um jantar em plena Champs Élysées, ela pegou um prato - raramente precisavam de dois -, serviu e, dali, partiram para a sala, onde deitaram-se embolando as pernas, quase se misturando. Apreciaram aquela iguaria com a boca mais gostosa do mundo, se olharam, riram, sabiam que ambos estavam ali, ninguém precisava falar nada. Recolheu o prato e o copo, deixou sob a pia, voltou prali, no seu refúgio, repousou a cabeça sobre seu peito, e com a mão, lhe acariciava a barriga, o peito, o braço, a cabeça, a mão, a perna, e o deixava sem ar, feliz, mas sem ar, e era aquilo ali que ele queria, exatamente aquilo, tanto é que ela parou por sentir seus braços doerem e ele disse: -Aaahh... mas porque parou?, e ela riu da cara dele, do tanto que ele era manso, mas achou lindo, porque ele adorava o carinho dela, e -disso ela não sabia-, mas o que ele mais adorava era ela fazer aquilo só porque ele gostava. Ali se sentia na sua casa, no seu canto. Novamente se levantaram, foram para o quarto, era hora de dormir, debaixo das cobertas, juntos, colados. Deitaram, de novo ela com a cabeça em seu peito, foi quando ela afastou-se um pouco e disse: -Deixa eu te olhar.., e ele deixou, então os olhos dela pararam direto sobre o seu, quase como um médico-legista, aquele olhar lhe dissecava, e ele sabia disso, mas não se importava, ele gostava de ser dissecado, gostava quando ela brincava de adivinhar os seus pensamentos e também não se importava com nada em volta, pois aquela cama era o seu mundo, aquele momento era a eternidade. 

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